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O MEU OCTAGÉSSIMO PRIMEIRO NATAL

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No primeiro domingo do Advento, começa na minha casa a Festa do Natal Durante estes 81 anos,o meu Natal passou por várias fases.Até aos quatro anos, o Natal era para mim, uma data inocentemente material. Eram as prendas que chegariam nessa noite, as filhoses, a espectativa de, ao abrir aporta da cozinha, conseguirmos ver o Pai Natal a subir pela chaminé Dos quatro aos sete ficou um pouco mais emotivo Aprendera entretanto a dar valor à FAMILIA, pois através da história que a Avó Maria nos contava sobre aquela família muito especial, sentia que era bom ver aqueles que preenchiam aminha vida reunidos à volta da mesa de Natal, Aos sete anos fui viver para Braga com os meus pais e lá, o Natal tornou-se uma coisa mágica. Era o nosso primeiro Natal sem a Familia e estávamos preparados para passa-lo sozinhos,quando recebemos um inesperado convite dum novo amigo do meu pai.Fora o primeiro comerciante que o meu pai conhecera e tinham-se tornado nossos amigos e guias naquela cidade tão difer

OS MEUS FIEIS DEFUNTOS 2014

Passou mais um Dia de Finados, ou ‘Os meus Fieis Defuntos’ como diz a boa gente do norte. Gosto mais desta frase pois é nos meus mortos que penso neste dia especial. Não só nos que amei, como naqueles que repeli do meu coração, como até naqueles que não conheci. Como seriam os meus bisavós esse Manuel Francisco e a sua esposa Maria da Luz,pais do meu avô Joaquim Francisco, e o João Policarpo Faria e Francisca de Jesus, pais da minha avó Maria, tão distantes de mim, mas tão vivos na minha memória, graças à tia Adelina, mãe da Maria Olga, estar sempre a falar na diferença de carácter entre as bisavós Maria de Jesus e Francisca de Jesus. Enquanto a primeira era cordata, trabalhadeira amealhando para a casa,a pobre Francisca de Jesus era indolente, indiscreta fingindo maleitas para disfarçar a preguiça. Como a Tia Adelina não pode ter conhecido nenhuma delas, devia falar por tradição oral. Mais próximo da minha afeição e memória , estão a minha avó Maria a Chicha e a minha tia Palmir

PARA ALÉM DA MORTE

Não há melhor ocasião para “filosofar” do que estar internada num hospital esperando uma cirurgia. Curioso é que quanto menos grave ela é mais nos apetece meditar. Quando grave, as pessoas dão prioridade ao que irá acontecer naquela sala asséptica e impessoal. Quando é de menor importância, dá tempo para meditar em muitas outras coisas, embora relacionadas com o acontecimento que aguardamos. Toda a gente me disse que é uma coisa muito simples, mas no silêncio dos meus pensamentos, admiti que a Velha Senhora poderia vesitar-me.Não que acredite muito, mas aceitando essa possibilidade repito a pregunta que tantas vezes faço a mim própria: que haverá para além da morte ? E o que é a morte? Materialmente é o processo irreversível de cessamento das atividades biológicas necessárias à manutenção da vida.   Que desaparecemos transformados em pó ou em cinzas é facto comprovado; mas custa-me a aceitar que num universo tão sabiamente construído onde o reino animal, vegetal e mineral é perfeit

OS POLITICOS AS ELEIÇÕES E OS ELEITORES

Ontem ouvi um comentador politico “pôr o dedo na ferida”  ao dizer  que a política é como um tabuleiro de xadrez. Não devemos olhar para as peças mas para as mãos que as movem. É uma verdade cínica mas real. Só nós os pobres simplórios que ainda acreditam na Democracia, na Liberdade, na diversidade dos Partidos Políticos, não a conseguem ver (também são poucos os que jogam xadrez)Mas há situações que todos percebem. Como creditar em democracia quando os “pagantes” são sempre os que menos têm? ‘Há razões para isso: são os mais fáceis de apanhar porque o patrão é o Governo, que tem a faca e o queijo na mão. Mesmo os chumbos do T.C não lhes faz abalo, porque se não for assim será de outra maneira e quem pagará serão os portugueses,excepto políticos que começaram a sua activdade de fraldas e milionário à prova de cortes Como acreditar em Liberdade? Alguma vez foi livre quem tem credores a exigir que sejamos cumpridores, dum acordo, feito em nome do Povo Português e os nossos  irmão

COMO ENTENDO O 25 DE aBRIL

   Na nossa tertúlia “ classe média”, nos últimos dias     discute-se o  25 de Abril, conforme cada um o sente. Na minha opinião, não é o 25 de Abril que deve ser debatido. Aconteçeu,trouxe-nos a desejada Liberdade, permitiu que proliferassem os Partidos, entrámos na Europa, recebemos os benefícios que isso nos trouxe sem pensarmos que nada nos é dado de graça, vivemos anos `tripa forra”, muito felizes quando nos vimos livres do escudo e passámos a gastar euros.  No que devemos meditar é no aconteceu após o 25 de Abril.  Temos Liberdade é certo, mas ninguém é livre quando tem credores, porque serão sempre eles que impõem as regras e fecham a bolsa quando não as cumprimos. Nunca foram uma instituição de beneficência mas gente muito hábil em conseguir lucros seja à custa de quem for. Não somos livres quando temos medo de andar na rua a horas tardias, não somos livres quando podemos dar a nossa opinião, exigir os nossos direitos, mas ninguém nos escuta ou os satisfaz. Podemos vot

ENCONTROS DE PÁSCOA

Voltamos aos tempos antigos e reunimos os clãs Custódinos , Ana e e Eu, em Santa Cruz, para passarmos os três últimos dias da Páscoa; e desta vez juntamos filhos e netos. Era uma grande e alegre mesa e como já estamos todos mais crescidinhos o Trabalho foi bem repartido com grande vantagem para os séniores,que ficámos a gozar os prazeres familiares, além de pequenas ajudas, e conselhos que é uma mania dos idosos, mas totalmente desnecessários. A cozinha estava bem entregue à Guigui e ao João,o forno para o assar o cabrito “no ponto”, os serviços auxiliares bem organizados pelos outros membros jovens e menos jovens dos clãs E até os quarentões ofereceram um lanche/  jantar, de petiscos bastante requintado. Duas coisas que quase nos pertencem em exclusivo: relembrar o passado e dar sentenças. A idade e experiência da vida permitem-nos esse direito…mas há OCASIÕES e OCASIÕES. Quanto aos conselhos referentes a ninharias, eram escusados. Quanto ao Passado, tivemos a grata surpresa de v

AS FESTAS DA PÁSCOA

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As festas religiosas na minha casa, têm sempre uma mistura de catolicismo e paganismo. Se no Natal, agregado ao presépio existe a árvore de origem pagã , segundo os católicos , os duendes os enfeites herdados dos países nórdicos. Na Páscoa, além duma vela Pascal, de quadros alusivos aos domingos da Quaresma saltam os Coelhinhos, os Ovos da Pascoa Não que as minhas relações com a Igreja Católica sejam constantes e cumpridoras de maior parte das regras. Mas tendo sido batizada segundo os seus preceitos, não consigo alhear-me totalmente da minha condição católica. E continuo a achar que os evangelhos dos cinco domingos da Quaresma têm o dom de levar-nos a meditar nas palavras dum homem que pode não ter sido filho de Deus, mas foi um homem sábio, justo e sensato No 1º Domingo, Jesus   é  tentado pelo demónio, resiste ao tentador ( Mt. 4,1-11). Quantos de nós não fomos tentados, não pelo demónio, mas pela agressividade para com os outros, pela impaciência com os mais velhos pe

O CASAMENTO

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Adicionar legenda Faz hoje 62 anos que, no Mosteiro da Batalha, eu e o meu marido demos o “sagrado nó”. Curiosamente, já muito avançada nos setenta eu julgo ter compreendido o que significa a palavra. Se quisesse representá-la materielmente,eu diria que é um armário com muitas gavetas no qual se vão acumulam o “Deve” e o “Haver “Não há casamentos perfeitos e, felizmente com muitas exceções, passado o encanto de estarem juntos mas separados, começa a rotina do dia-a-dia com problemas acrescidos. Um salamaleque a menos da parte dele, um subtil desmazelo da parte dela, a eterna discussão sobre a família de cada um, a repentina ambição dela de “fazer “carreira” a pouca ajuda dele nos trabalhos domésticos, os filhos, que dão despesa, trabalho e para os quais têm pouco tempo, o interesse que pode ser dos dois, noutra pessoa sempre gentil, sempre bonita/o e por fim a infidelidade. Estas são as coisas que podem ser metidas dentro das tais gavetas e, depois de feito o balanço, esquece