COMO ENTENDO O 25 DE aBRIL


   Na nossa tertúlia “ classe média”, nos últimos dias     discute-se o  25 de Abril, conforme cada um o sente.
Na minha opinião, não é o 25 de Abril que deve ser debatido. Aconteçeu,trouxe-nos a desejada Liberdade, permitiu que proliferassem os Partidos, entrámos na Europa, recebemos os benefícios que isso nos trouxe sem pensarmos que nada nos é dado de graça, vivemos anos `tripa forra”, muito felizes quando nos vimos livres do escudo e passámos a gastar euros.
 No que devemos meditar é no aconteceu após o 25 de Abril.
 Temos Liberdade é certo, mas ninguém é livre quando tem credores, porque serão sempre eles que impõem as regras e fecham a bolsa quando não as cumprimos. Nunca foram uma instituição de beneficência mas gente muito hábil em conseguir lucros seja à custa de quem for. Não somos livres quando temos medo de andar na rua a horas tardias, não somos livres quando podemos dar a nossa opinião, exigir os nossos direitos, mas ninguém nos escuta ou os satisfaz. Podemos votar nos muitos partidos que existem, mas esses partidos não são compostos por Estadistas experientes  que nos insiram confiança. Todos, sem excepção,mentem despudoradamente, para ganharem os nossos votos. E se há os fanáticos que acreditam nas belas e paternais palavras dos líderes e companhia, outros exercem o seu direito de voto porque não têm alternativa. Ou votam nos 5 sempre prontos para governar, ou em pequenos partidos que nada adiantam para o bem-estar da sociedade, ou votam em branco que é quase o mesmo que não votar. Creio que não era isto que o povo desejava quando da ditadura passou para a liberdade política. Tivemos Governos após governos, cada um com a sua tara.  Durante o PREC (Processo Revolucionário em Curso).nem é bom falar. Foi durante essa ocasião que o Povo Português ficou a dever a Liberdade não só a alguns Capitães de Abril, como ao Doutor Mário Soares. Foi nessa altura que simpatizantes de outros partidos se reuniram à sua volta na luta que travou. Quem quiser saber mais sobre os meses quentes durante os quais os Capitães de Abril desavisaram-se uns com os outros, quando tivemos um louco como 1º ministro,  Quando os  portugueses que viajavam nos seus carros eram mandados parar por civis armados a quem tinham fornecido armas,basta ir ao Google, inserir "Processo Revolucionário em Curso" e encontrará a história do antes e após 25 de Abril.Quanto aos capitães basta escrever o nome deles que também terá uma biografia completa
Mas o 25 de Abril nada tem que ver com a degradação gradual que o acompanhou. Devemos homenagear ALGUNS Capitães de Abril que derrubaram um governo que estava tão podre que caiu ao som da Grândola Vila Morena. 
Estamos melhor ou pior? Está provado que quarenta anos depois, existem uns  mais ricos e outros  mais pobres e uma classe média destroçada.Temos Liberdade,mas para que serve a Liberdade a quem está desempregado e tem filhos que deseja instruir o melhor possível?
No “ antigamente", mesmo que só tivesse a 4ª classe qualquer aluno medianamente inteligente sabia mais, escrevia melhor, contava de cabeça sem necessitar de máquinas do que os nossos filhos e netos que frequentam o décimo segundo ano,   embora carregados de sabedoria e livros. Com o 25 de Abril, numa “Constituição Rumo ao Socialismo” toda a gente deveria ter formação superior, quer fosse inteligente ou imbecil.Mas a sociedade não precisa só de médicos, engenheiros, economistas arquitetos advogados; precisa de canalizadores, eletricistas, bate- chapas, funcionários que sejam profissionais competentes naquilo que os seres comuns, incluindo os médicos os advogados, os economistas, os arquitetos, precisam no seu dia-a-dia. As escolas profissionais, chamadas agora politécnicas voltaram e parece-me que estão a exercer as suas funções com grande mérito. Antes do 25 de Abril  os pais, mesmo com as mães empregadas, arranjavam tempo para os filhos, sem necessitarem compensá-los do abandono a que os votam com prendas exageradas que por vezes ultrapassam os seus rendimentos. O palavrão era reservado a pessoas de baixa condição. As normas que determinam a convivência entre as pessoas não foram criadas ao acaso. Elas favorecem a convivência entre os homens e criam o hábito do respeito mutuo que deve existir nas sociedades civilizadas.
Dum governo ditatorial e oportunista, passámos para governos, com raras exceções de alguns dos seus membros, corruptos, arrogantes e mentirosos. Não era democrático termos um só partido. Mas só um é que se alimentava da vaca em que o Povo se transformou, Agora temos três e mais dois com grande pena de não terem acesso ”manjedoura”. Votamos nos deputados que nos irão representar? Não, votamos nos partidos que nos impõem os  seus boys, que mal conhecemos que estão sempre pouco disponíveis para nos atenderem. Para arranjar dinheiro para pagar uma divida que maior parte de nós não contribui para ela, cortam nas gorduras dos ministérios dos assessores nos carros topo de gama? Preferem cortar onde é mais fácil e dá milhões.
Não estamos na Idade Média nem sequer na 1ªrépublica.Para que necessitamos então duma tropa composta por milhares de homens comandados por generais, de várias armas, almirantes de uma esquadra de opereta, (mas temos dois submarinos!), distribuam os marinheiros e os seus chefes por uma boa policia marítima com rápidas e modernas embarcações para vigiarem a nossa extensa costa, Mandem os militares para as florestas em missão de vigilância, para abrirem acessos que facilitem a missão dos bombeiros que é apagar fogos e não para abrir acessos e vigiar se os populares limpam ou não os seus terrenos. Mandem-nos para a polícia onde decerto fariam bom serviço pois a polícia militar é muito eficiente. Na força aérea arranjem uma frota de apoio à polícia e para evacuar feridos e doentes Deixem a Guarda Nacional Republicana para as paradas oficiais , para o “ronco”, que nisso ninguém os iguala em garbo e elegância e têm una cavalos maravilhosos. Para nos defender dos inimigos exteriores, temos a Nato para a qual pagamos um balúrdio. Mas os governos não esquecem que o 25 de Abril foi feito pelos militares e que são eles quem têm as pistolas, são senhoras das comunicações e mestres em arranjarem postos de comando.
Mas também disto, 25 de Abril não tem culpa alguma. Mas o 25 de Abril foi feito por homens e alguns desses Homens não pensavam apenas em libertar um Povo duma ditadura. Eram politizados demais para se contarem apenas em ser os Salvadores da Pátria.
Vivi 41 anos antes do 25 de Abril e 40 anos depois. A minha vida não sofreu grandes alterações. ANTES DE, o meu marido era muito bem remunerado e aposentou-se conforme o que descontou para esse fim. Fomos criados no sábio conselho de não gastar mais do que podemos. DEPOIS DE,temos sofrido cortes como toda a gente, mas em compensação cada vez desejamos mais o conforto da nossa casa, temos filhos totalmente independentes, os nossos pequenos prazeres são reunirmo-nos com amigos para a Bica da manhã e eu, o meu vício, o meu prazer é o computador que tem os seus custos.
Na verdade, o 25 de Abril não alterou em nada a minha vida mas sempre achei que tinha sido uma coisa bonita, principalmente  por ter sido feito sem sangue   O pior foi o 26 e os meses que se seguiram. Mas já passou e hoje serve para contar histórias aos netos. Quanto a governação, que poderemos esperar de gente que tem todos os defeitos e algumas qualidades dos portugueses, são jovens ambiciosos e que usam o poder como um brinquedo, que não têm a mínima noção do que é viver esperando o fim do mês, ou até não tendo nada porque esperar.

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