OS MEUS OITENTA ANOS
Há três dias completei oitenta anos. Foi o momento em que aceitei que a vida que vivi, nada teve a ver com aquela que pretendi viver. Julguei ter sido filha placidamente obediente e conformada com as regras que me foram impostas Falso. Aceitei-as pela minha tendência para o “mais vale viver sossegada do que discutir “E por medo, medo puro e simples da violência da Senhora Minha Mãe, que não só usava a sua pesada mão em todas as ocasiões necessárias, como gritava comigo, o que me deixava aterrada. Ainda hoje os monólogos gritantes e descontrolados deixam-me paralisada, de palavras e atitudes Casei-me como casavam maior parte das raparigas dos anos 40/50.Para maior parte dos pais da média burguesia o destino das filhas era casar. Casei-me sem grandes paixões, mas encantada sim com o meu Sindbad bem-falante, vindo dum polo oposto ao que eu estava habituada que comparado aos meus amigos, que tratavam as namoradas como gostariam que lhes tratassem as irmãs era fascinante para a moça prov