O MEU OCTAGÉSSIMO PRIMEIRO NATAL
Durante
estes 81 anos,o meu Natal passou por várias fases.Até aos quatro anos, o Natal
era para mim, uma data inocentemente material. Eram as prendas que chegariam nessa
noite, as filhoses, a espectativa de, ao abrir aporta da cozinha, conseguirmos
ver o Pai Natal a subir pela chaminé Dos quatro aos sete ficou um pouco mais emotivo
Aprendera entretanto a dar valor à FAMILIA, pois através da história que a Avó
Maria nos contava sobre aquela família muito especial, sentia que era bom ver
aqueles que preenchiam aminha vida reunidos à volta da mesa de Natal, Aos sete
anos fui viver para Braga com os meus pais e lá, o Natal tornou-se uma coisa
mágica. Era o nosso primeiro Natal sem a Familia e estávamos preparados para
passa-lo sozinhos,quando recebemos um inesperado convite dum novo amigo do meu
pai.Fora o primeiro comerciante que o meu pai conhecera e tinham-se tornado
nossos amigos e guias naquela cidade tão diferente de Lisboa.
Com
o convite para a Consoada e Almoço de Natal, vinha um outro: para nos juntarmos
a eles no Domingo do Advento. As filhas, que eram minhas colegas no colégio,
contaram-me que era costume reunir no 1º Domingo do Advento a família e alguns
amigos para a cerimónia de acender a 1ª vela da Coroa do Advento, seguindo-se o
almoço que inaugurava as festas. Era uma cerimónia muito bonita, com o mais jovem
da família a acender a vela e o dono/a da casa a dizer a Oração da Luz
Se
a Consoada era quase igual à que fazíamos em Lisboa, acrescentado o Polvo com Grelos,
a Aletria, os Mexidos, os Sonhos de Maçã, e o Jantar do Dia do Natal com o Perú
trocado por belos capões, a Festa do Advento mexeu comigo de tal forma, que mal
tive oportunidade da instituir, passou a marcar o início das festas natalícias
na minha casa. A Marta, minha neta mais velha. foi a primeira a acender a primeira
vela e o meu bisneto, Benjamin o ultimo
dos jovens membros da família a fazê-lo. Espero bem que no próximo ano a Gaia possa
fazê-lo e retomar a tradição. Porque agora, à maneira prática do meu marido,
ele acende a vela e já está o cerimonial terminado. Bem sei que sendo apenas nós
os dois e velhos rezingões como somos,não há muito lugar para discursos poéticos,mas
renho pena,pois é de coisas bonitas e tradicionais que se mantém a família unida
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