O TEMPO
Natal já foi,
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A
Páscoa aproxima-se. Daqui a pouco estamos no Verão, tempo em que toda a gente
esquece o que de aborrecido lhe vai em casa. Mas antes chegam os Santos,
período ótimo para o turismo e para os galhofeiros que gostam de os festejar em
Alfama, mesmo a 2 euros cada sardinha; chega um período muito atormentado para
os pais que têm que renovar os livros escolares. Repentinamente estamos
festejando o S.Martinho, venerando os Nossos Mortos festejando o dia em que nos libertámos dos
Espanhóis ( não teria sido melhor continuarmos juntinhos?) e prontos lá estamos
nós a preparar o próximo Natal, averiguando quais serão as prendas indicadas
para o nosso bolso, raramente atendendo ao que os beneficiários desejam. E
assim vai correndo o Tempo.
O
TEMPO? Mas que Tempo? Aquele que é composto pelos dias, pelas horas, pelos
minutos, pelos segundos que compõem o tempo material, o nosso dia a dia? O
tempo da História, que nos fala da época em que vivemos, no tempo que nos
antecedeu, nas probabilidades que teremos no Futuro?
Merecerá a pena preocupar-nos com o Futuro?
Apesar das imaginações delirantes que tentam acreditar que haverá Vida depois
da Morte, a única coisa certa é que a certa altura da nossa existência
desaparecemos física e emocionalmente. Pelo menos, em milhares de anos da
existência dos animais racionais e irracionais deste belo planeta azul, nada
provou o contrário.
Costumamos dizer muito sabiamente: que futuro
deixamos aos nossos filhos, aos nossos netos? Quanto ao futuro nada podemos
fazer, pelo menos nós a “arraia miúda “. Mas podemos deixar-lhes
memórias, respeito pela Família a que pertencem,
conhecimento da Vida que vivemos, quais foram as nossas aspirações mais queridas.
Agora sou eu a sonhadora. Bem se vão importar os meus descendentes com o que Eu
pensava, apreciava e tentava deixar escrito em estilo de Memória Futura.
No
entanto eu faço-o. Entre os meus 10 descendentes espero que haja algum que se
interesse pelo Passado, por saber quais as origens do seu clã, pelos
acontecimentos uns maus, outros bons, risíveis ou graves que ocorreram através
dos anos, que, fazem parte duma aliança alicerçada em 1900, com o casamento do
Avô Ferreira e da Avó Maria. Mas antes disso, cada um deles pertencia a outro grupo
e assim sucessivamente através dos tempos. talvez Isso os leve a entender que
não são apenas um individuo, desligado de tradições e valores,” um filho das tristes ervvas”
como
dizia o bom povo quando era mais importante ter família, de onde vinham os
valores morais as tradições, o enraizamento a um local. do que agir por conta
própria numa independência falsa pois todos dependemoe de alguma coisa.
E
como, apesar de todas as particularidades do carácter da Sara, acredito que
será a única a apreciar as minhas tentativas de escrever, mesmo sem rigores
gramaticais, de, baseada nas memórias dos meus avós, tios, primas, amigos, em
fotos da Família algumas muito antigas, em certidões de batizados, casamentos e
mortes.
Embora
a minha neta Sara seja uma espécie de
vulcão adormecido mas com súbitas com erupções violentas é nela em quem confio
mais para compreender da minha narrativa
familiar.
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