eu e o advogado do diabo
Penso que todos possuímos um “Advogado do Diabo “dentro de nós. É aquela
vozinha malévola e invisível que algumas vezes nos incomoda com preguntas e
objeções irritantes. O meu. que tem o sobrenome de “Pessimismo”, ultimamente
maça-me com uma pregunta incomoda
: Velha tonta!
com essa idade, ainda esperas tanto da tua escassa vida! A única coisa que ela
pode trazer-te é a Morte
Por
vezes aborreço-me bastante com este fantasma falante e persistente. Sei que a MORTE chegará, mais certa do que o
nascer pois para isso dependemos de terceiros e a Morte é Senhora dela própria
Não a desejo nem a temo; a única coisa que quero é que venha tranquilamente,
que me tome nos seus braços com carinho e me entregue ao meu Criados seja ELE
quem for.
Mas
nos últimos anos que me restem, espero ainda muito da Vida. Não na QUANTIDADE, mas na QUALIDADE.
Espero continuar a ter um entusiasmo real por
aquilo que faço, mesmo que não seja importante, ter a humildade suficiente para
não me supor melhor que os outros ou criticá-los por aquilo que fazem. E como
neste momento da minha vida não quero ser hipócrita, analiso o meu Próximo,
quase como um passatempo, mas com a mesma isenção me analiso, se é possível
alguém conhecer o seu EU em toda a
verdade. Queria ter mais tolerância com as prepotências alheias, com a
grosseria, arrogância e egoísmo, que me agastam. Mas sobretudo tudo, mesmo
velha, mesmo com dificuldades próprias da idade quero viver, viver intensamente
cada momento que o meu Criador me
der.
Porque a velhice não deve ser uma grilheta que
nos amarra ao inconformismo, uma nuvem negra que nos rodeia, mesmo que tenhamos
mortos queridos a recordar, buracos negros na nossa vida que não conseguimos
ultrapassar. A velhice deve ser uma benesse que permite adquirimos sabedoria
através de experiencias vividas, que nos deve tornar argutos e sensíveis. Ser
um Velho ou Velha amargo ou maldoso, cujo maior prazer é infernizar a vida dos
outros, não é bom nem para quem atormenta e muito menos para os atormentados,
mas quem nasce torto tarde ou nunca se endireita. Quem é amargo na velhice
quase sempre foi indisciplinado em criança, egoísta na juventude, autoritário
em adulto.
Se
posso pedir alguma coisa, gostava de ver os meus filhos em paz com eles
próprios e com os outros, ver os meus netos aceitarem da vida o bem e o mal, e
saberem reagir a ambos com bom senso e cuidado na forma de insurgir-se. Mas é
tão raro os nossos filhos cinquentões terem conseguido das experiencias da vida
um pouco de bom senso, paciência, e tolerância para com as situações que essa
vida lhes reserva. Desejo ver os meus netos crescerem compondo o seu dia-a-dia
guindo regras estabelecidas para uma boa convivência social. E é tão simples!
Basta que não façam aos outros o que não gostariam
que lhes fizessem. Não digo que seja fácil, mas
oferece tanta paz!
Gostava,
embora os bens terrenos com o dinheiro à frente sejam necessários, que não
fizessem deles o guia principal das suas vidas. Quando ocupa grande espaço no nosso pensamento
pertencemos-lhe e não é ele que nos pertence.
Gostava
de ver os meus bisnetos, educados por pais amorosos, mas firmes, que não deixem
que eles esqueçam (e não esqueçam eles
próprios,) das famílias que os geraram da História do seu País. A Globalização
pode ser boa, ser Cidadão do Mundo é uma perspetiva muito agradável. Más o
nosso país deu-nos um conjunto de características
especiais baseadas nos costumes seculares dos seus naturais, no clima, nas
crenças, nas tradições populares inigualáveis.
E principalmente,
que não lhes deem tudo o que querem, mas não lhes faltem com aquilo que eles
precisam: muito amor, compreensão, total
firmeza justa
Como vêm, não
é pouco o que ainda peço à VIDA.
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