O CARNAVAL DE 1949
Quando nascemos trazemos o destino determinado,
um caminho de vida que temos obrigatoriamente de percorrer quer queiramos quer
não, ou esse destino é construído por nós, baseado nos genes que herdámos, da convivência
e regras familiares e do individualismo que cada um consegue através de experiênci pessoais , erros, capacidades naturais para o determinarmos nós próprios?
Recordando o Carnaval de 1949, acredito
na 1ª teoria.
Porque esse carnaval alterou significativamente
o meu Destino. Não de imediato, porque durante três anos, vivi do modo como era
esperado viver.
Com sete anos fui viver para Braga, e os meus
pais assimilaram rapidamente os usos e costumes da cidade dos arcebispos Em 1940, ali e mais ao menos em todo o Minho,
as raparigas da classe média alta, muito poucas frequentavam o liceu e raramente
tiravam um curso universitário Aprendiam em casa com as mães e com professoras,
a arte de ser esposa, mãe, uma anfitriã simpática e eficiente a cultura suficiente. A sua principal
missão, como fora a das suas avós e mães, era casar, ser uma dona de casa
impecável, ter filhos, educa-los,ser boa conselheira do marido, estimá-lo
esperando que ele estimasse também, e ser feliz. E acredito que maior parte
delas o era. E este seria o meu destino, até acontecer algo que o alterou.
No Carnaval de 1949 o meu tio Henrique pediu
aos meus pais para me deixarem ir passar o Carnaval a Torres Vedras com ele e
as minhas primas. Iriamos brincar no Corso e à noite ao famoso baile da Tuna.
Primeiro sinal da alteração do meu destino:: os meus pais poderiam ter dado uma
desculpa para eu não ir e não o fizeram, embora eu acredite que, pelo menos a
minha mâe, não desejava que eu fosse. Se o tivessem feito não teria conhecido nesse baile o homem com
quem vim a casar. Segundo sinal: eu poderia não ter ligado ao novo
conhecimento, do qual, aliás não simpatizei com a exuberância e se nunca mais tivesse
ouvido falar nele, provavelmente a minha vida teria sido completamente
diferente. Não só a minha, como a dos meus filhos, dos meus netos, que nãoteriam
nascido, como a daqueles que se ligaram a eles. Não teria conhecido os excelentes
amigos que adquiri através do meu marido, não teria as experiências boas e más
que preencheram a minha vida de casada
Para o melhor e para o pior,a minha existência
foi completamente diferente, apenas eu ter ido a um baile de Carnaval em 1949
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