OS VELHOS


Durante muito tempo fiz uma distinção entre Velhos e Idosos
Velhos eram aqueles que envelheciam por fora e por dentro. Idosos os que mantinham activos joviais e simpáticos. Estava errada, porque velho e idoso é apenas um sinónimo. Alegres e simpáticos, azedos e difíceis tanto podem ser velhos, jovens e todos os que permanecem na casa dos enta.
Sempre me intrigou as ralações (na generalidade) entre anciãos e juventude. Conheço avós e netos que são como uma árvore com flores,diferentes,mas ligados. Conheço outros que tudo quanto os netos fazem são asneiras e vêm nas suas atitudes o caminho para a imoralidade (geralmente acrescentam que isso acontece por culpa dos pais).Eu estou no meio-termo. Estou muito bem com os meus netos e netas mas existe entre nós uma certa distancia, não de idade, mas talvez geograficamente. Alguns estão na Holanda, outro na Suíça,e acima de tudo nunca mantivemos uma convivência diária. Fui sempre avó e não mãe substituta. Gosto de todos, mas tenho as minhas preferências e tenho a certeza que gostam de mim, não só como avó mas também como pessoa.
 Tenho um livrinho onde anoto frases que me fazem pensar, Uma delas, ajudou-me a compreender melhor novos e velhos O erro da juventude é pensar que a juventude pode substituir a inteligência e o erro dos velhos é pensar que a experiência pode substituir a juventude
Nas famílias,mesmo os mais gentis, mesmo que nos amem e respeitem, fazem-no sempre com uma pontinha de comiseração. Imaginam como seria triste esse passado que recordamos com tanta saudade, a nossa juventude cerceada por convenções obsoletas. Como viveríamos sem estas admiráveis tecnologias, sem os direitos individuais que eles gozem sem pensarem que direitos implicam deveres, sem termos o sexo fácil e volúvel, que eles têm.
Imaginam os seus pobres avós terem uma vida convencional monótona e até um pouco ignorantes sem acesso fácil a faculdades, Devem interrogarem-se como seriam trágicos os casamentos dos seus avós, unidos até que a morte os separasse. Mas isso é próprio da juventude e mesmo dos pais deles. 
Para se entenderem, os velhos terão que compreender que vivem no mundo novo… e aceitá-lo, mesmo não gostando. E os nossos filhos e netos talvez tivessem muito a aprender escutando-nos de vez em quando. Com a minha avó descobri como a Família é importante, como devemos relembrar o passado para não cometer os mesmos erros no futuro. Hoje predomina o individualismo, com todos os direitos e muito poucos deveres Felizmente, esta diferença de estilo de vidas não é generalizada. Ainda existem velhos e novos que convivem perfeitamente nos dois mundos. Mas devemos ser nós a aprender a viver no deles sem abdicarmos do nosso
 Temos que confessar que há velhos que infernizam a vida dos parentes. Mas quantos jovens não dão terríveis preocupações aos progenitores e quantos filhos não escravizam os pais os pais, pendurando-se neles para serem amas dos filhos, ou doutras formas ainda piores?

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