FRAGMENTOS DA VIDA FAMILIAR



De vez em quando recordamos qualquer coisa da vida da família  e parece-me quase um dever partilha-lo com os outros.
 TUDO e TODOS  têm um fim, mas isso não quer dizer que as histórias das gerações que nos precederam devam ser esquecidas. Há os que não se interessam nem contribuem com recordações do passado. Mas há muitos a quem eu chamo Garraus Ativos, que fazem tudo para que os nossos filhos, netos e bisnetos, saibam que tiveram uma família, o local onde nasceram, os nossos avós, os seus costumes e tradições como partilharam  com outras famílias laços que enriqueceram o nosso património genético. E, o melhor de tudo, é que nós, os que o fazemos, divertimo-nos, aprofundamos amizades, damos ocupação ao espírito e honramos os nossos avós
 Esta introdução explica mais um bocadinho da nossa história que muitos desconhecem.

Quando tinha sete anos. partimos para Braga e o meu sentimento  com essa mudança de situação foi de receio. Não podia imaginar-me separada daqueles que me rodeavam e gostavam de mim e com quem convivia quase diariamente.Com setenta anos aprendi que não haveria nada nem ninguém que nos separasse porque éramos uma família Poderíamos zangar-nos, afastarmos uns dos outros, ter atritos profundos, mas havia vínculos entre nós que nos manteriam ligados e unidos, mesmo que nem déssemos por eles.
Da minhas memórias dessa altura  lembro-me que:
O avô Joaquim Francisco  tinha falecido e a avó Maria regressara à casa de Lisboa, na rua de Cristóvão nº 25 3º,Dtº para onde fora viver quando casara.
A tia Gracinda vivia com o marido, na Travessa de S.,Vicente à Graça, depois da infeliz aventura amorosa deste com uma criada da casa.O que mais me impressionava é que quando tinha mesmo que dirigir-lhe palavra  chamava-lhe Senhor Morais, exigindo que ele a tratasse por D.Gracinda.
Mas deste assunto, falarei mais pormenorizadamente noutra ocasião.
Na Casa de Sintra, que tinham habitado até ocorrer o dito drama, vivia o filho, mais conhecido por Luís das Gaiolinhas, casado com a Fernanda Neves, das queijadas Sapa, com os filhos, Luís Fernando e António Luís
O tio José, com a tia Adelina e a Maria Olga.viviam no “Casal da Cerca”, nas Carreiras
 O tio Henrique, a tia Alice e as minhas 3 primas Manuela, Malena e Fernanda tinham-se mudado para a Avª Visconde Valmor .que nessa altura chamávamos Avenidas Novas
Os meus pais e eu, tínhamos seguido o exemplo, indo viver para a Rua Dr António Martins, perto do Jardim Zoológico, de onde saímos quando fomos para Braga.
O tio Luís, casado com a tia Alexandrina, e a filha Maria Fernanda, a quem todos chamávamos Fernandinha, para a diferençar da Maria Fernanda, vivia na rua de Campolide, casa onde ainda viveu quase até falecer, em 2009
O tio Humberto e a tia Palmira viviam na R Ramalho Ortigão, casa onde nasceu a Ana Maria, com a Gigi,a melhor cozinheira que conheci
Era esta a situação da Família quando numa manha de Setembro de 1940,partimos para a conservadora Cidade dos Arcebispos, onde vivi até casar.
                   Segue no próximo capitulo

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