EM 1871 JÁ ERA ASSIM.COM UM POUCO MAIS DE VERGONHA PENSO EU
Ao reler as “Farpas” (Eça e Ramalho) encontrei um excerto muito
aplicável ao momento em que vivemos.
“As Farpas 1871”
Há muitos anos a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder… O poder não sai de uns certos grupos, como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, numa explosão de risadas.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os que lá não estão - os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do país, e outras injúrias pequenas, mais particularmente dirigidas aos seus caracteres e às suas famílias.
Os outros, os que não estão no poder são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais - os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do país e da pátria.
Mas, cousa notável!
Os cinco que estão no poder fazem tudo o que podem – intrigam, trabalham para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do país, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de se- o mais depressa que puderem - os verdadeiros liberais, e os interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros - os verdadeiros liberais - entram triunfalmente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do país; e os que caíram do pode, resignam-se, cheios de fel e de tédio - a vir a ser os verdadeiros liberais e defender os interesses do País.
Há muitos anos a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder… O poder não sai de uns certos grupos, como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, numa explosão de risadas.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião, e os dizeres de todos os que lá não estão - os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do país, e outras injúrias pequenas, mais particularmente dirigidas aos seus caracteres e às suas famílias.
Os outros, os que não estão no poder são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais - os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do país e da pátria.
Mas, cousa notável!
Os cinco que estão no poder fazem tudo o que podem – intrigam, trabalham para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do país, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de se- o mais depressa que puderem - os verdadeiros liberais, e os interesses do País!
Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros - os verdadeiros liberais - entram triunfalmente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do país; e os que caíram do pode, resignam-se, cheios de fel e de tédio - a vir a ser os verdadeiros liberais e defender os interesses do País.
Este comentário, quase me aniquilou Se
desde 1871 os que nos governam são assim haverá alguma esperança para os nossos
filhos, os nossos netos? Mas pior do que isso. Todos os homens que nos
governaram eram e são portugueses como todos nós que os elegemos.
Comentários
Enviar um comentário