A IMPORTÂNCIA DUMA PALAVRA
A
IMPORTÂNCIA DUMA PALAVRA MAIO 2 2012-05-02
De vez
em quando, cada vez menos, encontramos para a bica da manhã. Falamos daqueles
assuntos triviais, que falam as pessoas que se conhecem, mas não suficiente bem
para tocar em assuntos mais pessoais. Numa dessas manhãs aguem comentou a prolongada ausência duma
outra pessoa que aderia sempre com grande entusiasmo, mesmo quando eles já se
realizavam raramente. Outra conviva explicou:
Desde que o marido foi nomeado Diretor
geral de Qualquer Coisa, é de outra classe e até se mudou para Cascais.A
terceira apreciadora da bica respondeu: Ela não È, ESTÁ.
Ficámos
um pouco confundidas mas a nossa interlocutora esclareceu: SER duma Classe Social
é nato naqueles que dela vieram, sejam aristocratas, Catedráticos ou mesmo
Lavradores ou Mesteirais como diziam os nossos avós. SER duma classe, significa conduzir-se por normas estabelecias
conforme os seus hábitos e princípios estabelecidos pela família de onde vieram,
Porque todas as famílias, verdadeiramente Familias,tem a sua honra e os seus pergaminhos
Um lavrador pode ser tão educado e correto nas suas maneiras, como um aristocrata
educado por uma nany inglesa. ESTAR numa
classe é entrar nela sub-repticiamente, à custa de valores efémeros e falsos.
Em Casa,
continuei a pensar sobre o assunto, e compreendi que ela expusera um facto que eu
sentira quando pelos negócios do meu pai
Fôramos
viver para Braga e por causa deles a prelecionarmo-nos com pessoas do seu meio
comercial e não só. A pouco e pouco penetramos na fechada e burguesa sociedade bracarense
e à medida que o tempo passava e nos observávamos, a nossa convivência com essas
famílias ia aumentando. sendo o meu pai
até convidado para entrar no Rotary Clube
sinal que fazíamos de facto parte dessa sociedade à qual eu ,a brincar,
chamava a Confraria. Eu estudava os mesmos colegas das filhas frequentávamos as
mesmas festas, íamos para a s mesma praia, enfim a nossa vida era pautada pela deles.
Mas qualquer dos grupos respeitava as diferenças do outro. Jamais quisemos ser
parecidos ou adquirir hábitos por vezes muito diferentes dos nossos. O que me era
permitido, jovem lisboeta, (fui a primeira a usar calças e só muitos anos mais tarde
o hábito foi seguido pelas minhas amigas). Mas também nunca levei para a s
aulas de ginástica da saudosa Professora Margarida Tamegão,os calções curtos e
camisolas sem mangas das ginastas lisboetas. Tal como elas, usava as ridículas saias
calças de cetim preto e as blusas brancas com meia manga,
SER
ou ESTAR são realmente coisas muito
diferentes principalmente entre os seres humanos, por vezes tão ridículos.
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