NUM MONTE DE PAPEIS

Final/princípio do ano é altura de eu dar volta às gavetas, às prateleiras e principalmente aos meus papeis. Entre eles figuram escritos que eu rabisco no caderninho de notas que me acompanha sempre. Sou uma coleccionadora de pensamentos, de quadras populares, de sentenças irónicas ou sérias. Os meus livros estão quase todos anotados nas frases que me tocam o espírito. Ontem encontrei um pensamento, aliás anónimo, que veio ao encontro de algo que ultimamente me incomoda. A falta de respeito pelos outros que muitas pessoas manifestam com o maior à vontade. E não se trata apenas de gente nova, mas duma geração que vai dos40 aos setenta.

As normas que governam a convivência social não foram impostas arbitrariamente. Nasceram da necessidade de harmonia, da moralidade dos costumes, de perseverar uma maneira de estar na vida que faça da convivência um aspecto agradável da existência. A cortesia, as boas maneiras, a educação. serão sempre a essência do comportamento. As regras evoluem, adaptam-se, podem até variar segundo os povos, os lugares e as culturas, mas existem sempre. Elas são objecto de aprendizagem e aperfeiçoamento. E o resultado será tanto melhor quanto mais genuína for a atitude. A naturalidade, a delicadeza, a espontaneidade, a harmonia, a calma, o à-vontade, a segurança são o resultado do saber estar na vida de bem consigo e com os outros.

Eu não queria Santos, mas queria que as pessoas que tanto exigem dos outros, pensassem no que esses outros esperam deles. Pelo menos delicadeza no trato, sentido nato das obrigações sociais que devem ter no meio civilizado em que vivem. Não queria grandes cortesias, mas gostava que continuássemos a sentir que devemos pelo menos ter a atitude certa. Responder a um convite a tempo, é ser delicado com a anfitriã que prepara o jantar. Agradecer o postal onde nos felicitam pelo nosso aniversário, telefonarmos nós mesmo a dar os parabéns ou a mandar boas festas, será assim muito complicado? Mas se o tempo dessas pessoas é de ouro, porque não usar o email, que ocupa poucos minutos e não obriga a longos discursos? Eu sei que grande parte das novas e velhas gerações desaprenderam a arte de conversar, de cumprir preceitos sociais que nos foram legados e que tornam o dia a dia
mais suave, ameno e gentil Mas ser suave, cortês e gentil parece exigir muito de novos e velhos. É muito mais fácil ser egoísta e “estar-se marimbando” como diz o nosso educadissimo deputado, para os outros

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