De hoje a um mês,terei deixado, segundo a tradição, as prendas de Natal por alguns meninos do mundo.levando-os no meu trenó puxado por oito renas mágicas, chefiadas por Rodolfo, o do Nariz Vermelho, É sobre “as prendas” que vou falar-vos.
Um escritor americano escreveu um conto do Natal para os filhos, resolvendo mudar a minha condição de Bispo de Mira, transformando-me num velhote gordo e simpático. Deixei de chamar-me Nicolau, passando a chamar-me Pai Natal, Santa Claus Kerstman, e da Turquia, passei a viver na Lapónia. Com essa mudança, mudaram também as minhas primitivas intenções, que era pedir aos meninos que tinham muitos brinquedos, que os dividissem com aqueles que os não tinham, para levar lembranças às famílias dos meninos. A ideia pareceu -me simpática, até compreender que as prendas vinham das lojas e não dos corações e que estimulavam em crianças e adultos a ideia de quanto mais caro melhor.
Ora num ano de crise que afecta o planeta Terra (alguns lugares e algumas pessoas do Planeta Terra )e que eu próprio, em Rovianami impus restrições(Rodolfo não vai ter este ano o seu subsidio de liquens especiais, e das minha oito renas, só a Dreide,por ser a mais tonta terá o seu curso de formação , para aprender a lidar com o intenso tráfego de Vai e Vem Espaciais, Satélites e Montes de Lixo que Os Homens Deixam no Espaço Sideral ) resolvi levar no meu trenó apenas lembranças de valor tão reduzido quão grande deve ser a amizade e a imaginação de quem as oferecer.
Uma avó, pode adorar um retrato dos netos, uma pessoa que goste de jardinar, ficará satisfeita com alguns bolbos das flores da época. Uma mãe, talvez aprecie uma receita de cozinha criada com imaginação no computador, esse senhor das nossas horas. E livros! Se procurarem, encontrá-los- ão bons e baratos nas livrarias espalhadas pelas estações do metro. Para os novos Seniores que se dedicam à informática, um ou dois Cds para guardarem recordações, uma caneta especial para os marcarem, uns docinhos feitos em casa, com amor, um cachecol de lã feito pela mãe ou pela avóE se recearam que os vossos amigos não apreciem tais ofertas, que os filhos vão amuar por não terem a nova, Playstation que a esposa resmunga por não receber o ultimo modelo de carteira com nome de marca, então, aos primeiros, mais vale deixar de pensar neles como amigos, e aos outros, ensinar-lhes o que já deviam saber há muito: as prendas são para agradecer e não para escolher e que ninguém deve viver acima das suas posses.E não esqueçam que a melhor prenda de Natal será juntarem na vossa Mesa da Consoada, uma família capaz de superar divergências de carácter, de opinião, de gostos, até de objectivos e ali está, feliz, alegre, aconchegada no calor duma lareira, pronta a partilhar momentos bons e maus.E não esqueçam também que, se na vossa chaminé aparecerem presentes principescos, não fui eu que os levei no meu trenó e não são prendas de Natal, mas duma Senhora chamada Inconsciência
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