A FAMILIA

Tendo andado às voltas com os retratos da família e observando todos aqueles rostos que significam ou significaram, criaturas com os mesmos desejos as mesmas aspirações, os mesmos medos que eu sinto e dos quais vem muito do que eu sou, fiz uma pergunta a mim própria: a família é importante, ou melhor, pertencer a uma família é importante?

Significa realmente alguma coisa? Seriamos nós os mesmos se, materialmente independentes e pouco dados a efusões e eventos familiares, fizéssemos de conta que a família não existia e vivêssemos ao nosso gosto, pensando que nascemos dum ovo solitário que nem teve galinha para ao pôr? Viver como desejamos, fechados em nós próprios, no pequeno círculo de marido, mulher, filhos, ou mesmo sozinhos, se fosse demasiado para nós aceitar a responsabilidade de gerar seres e cuidar deles. Serão suficiente amigos, companheiros de trabalho, conhecimentos de ocasião para preencher o nosso espaço ?

Que sabemos nós dos membros da nossa família? Não dos nossos filhos, dos nossos netos (e mesmo desses, por vezes sabemos tão pouco!) mas dos nossos parentes mais antigos? Daqueles que, indiferentes ao caso, ajudaram a compor a nossa personalidade fornecendo-nos delibera ou ocasionalmente células brincalhonas que nove meses depois, fizeram-nos surgir como novos cidadãos do mundo? Devemos interessar-nos por esses seres distantes, perdidos num passado que nada nos diz? Ou ficaremos bem no nosso “ pai mãe, irmãos, avós)?
A neta de uma amiga minha (tem 13 anos) expressou a sua opinião, talvez duma forma cruel, mas muito moderna-Se ás vezes os pais os irmãos, os avós, jã são tão “chatos” o que seria se ainda tivéssemos que nos entender com tios avós, terceiros primos? -

Por mim, gosto de pertencer a esta Família Garrau que, se não anda de casa em casa frequentemente, anda de email em email quase todos os dias, pelo menos aqueles “ a quem a lei da reforma deixa tempo”.E muitos há, que mesmo trabalhando dão à família o seu tempo, a sua amizade, o seu interesse. Quando nos juntamos, gostamos de estar juntos, quando provamos os petiscos que cada um leva, pedimos as receitas, porque são boas e por vezes trazidas pelas primas por afinidade, das respectivas famílias.
Talvez porque durante muitos anos vivi num circulo familiar mais estreito, talvez porque estou mais velha, menos sequiosa de coisas novas, aprecio esta família que tenho.

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