O FORMIGUEIRO
Sempre gostei dos sítios onde vivi. E penso que devo essa benesse à minha avó, que durante os anos da nossa convivência mais constante, entre os meus onze e dezoito anos, procurou mostra-me que o importante é fazer com prazer tudo quanto temos a fazer, gostar de cada momento que vivemos e não ambicionar por acontecimentos e ocasiões que talvez nunca cheguem.
Gostei da grande casa de Maximinos, para onde fomos viver em Braga, um casarão solitário, de tectos enormes, rodeado por uma quinta meio selvagem, naquele tempo bem longe da cidade.
Gostei do colégio, austero como convêm a um antigo convento adaptado a escola de meninas
(as aulas de musica, de bordados e “boas maneiras” onde aprendíamos coisas incríveis nos dias de hoje, eram dadas nas antigas celas dos frades) tão diferente na rigidez, no espaço, na maneira do ensino, da mestrinha onde eu andara até deixar Lisboa.
(as aulas de musica, de bordados e “boas maneiras” onde aprendíamos coisas incríveis nos dias de hoje, eram dadas nas antigas celas dos frades) tão diferente na rigidez, no espaço, na maneira do ensino, da mestrinha onde eu andara até deixar Lisboa.
Gostei da velha e opulenta cidade de granito, conservadora, onde se vivia tranquilamente, a compasso, seguindo regras que nos pareciam, a nós lisboetas, de outro planeta ( a minha mãe e a D.Aida F. da Costa, for as primeiras mulheres a entrarem num café.) Não que fosse proibido, mas era olhado como pouco próprio, uma senhora entrar naquele mundo de homens, mesmo acompanhada. Para se encontrarem, o que faziam com bastante frequência haviam as pastelarias, encabeçadas pela Benamor,com poltronas e mesinhas em estilo Luís XV.
Na fase actual da minha vida, em que aprecio cada dia que vivo sem doenças de mais cuidado, sem preocupações alem das naturais em qualquer ser humano, como um presente do meu Criador, dou por mim continuando a saborear com prazer as coisas mais elementares.
Hoje, porque jantámos em Lisboa, saímos de casa com todo o remanso, viajamos no comboio admirando o Tejo ao fim da tarde, e embarcamos no Metro. Andando contra a corrente de pessoas apressadas. eu nunca tinha reparado como o Metro pode ser mais do que a grande lagarta subterrânea Pareceu-me um formigueiro. Até as várias linhas que se cruzam, afastam sobem e descem parecem as galerias desse mundo silenciosa das formiguinhas laboriosas.Até o silencio, porque um transporte que trás e leva tantas pessoas, funciona sem ruídos exagerados.
Se eu pretendesse meter-me em politica, diria que no aspecto social é parecido.Maior parte das pessoas que viajam no Metro,de alguma forma trabalham para outras que não têm por costume usá-lo como transporte.Depois há a monstruosas rainha,de quem elas cuidam com amor e desveladamente,mantendo-a refastelada e satisfeita.Não direi que seja amor e desvelo os termos em que pensamos nos nossos governantes.Mas alimentamo-los.E existem até as formigas guerreiras,dispensadas de trabalhar desde que defendam as obreiras.Sem falar nos pulgões esses extraordinários fornecedores de sucos que as formigas ordenham.
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