11 DE SETEMBRO








Todos temos a nossa história, embora maior parte das vezes não lhe conferimos a importância devida; ou passamos a vida a lamentar-nos do que ela nos reservou, ou andamos tão ocupados que nem dá tempo para reflectirmos no que nos acontece e muito menos para escrever sobre o que nos acontece, ou somos seres cujo espírito, pensamento, alma ou o que lhe queiramos chamar, é como a semente que deitada à terra, secou, encolheu e servirá de adubo, porque na natureza nada se perde.

Mas existem boas razões para escrevermos sobre ela. A primeira, é porque por muito narcisistas que sejamos, não falaremos só de nós. A nós está profundamente ligada a Família. Estou a falar, é claro, de gente normal.

Má ou Boa, chegada a nós ou afastada, simpáticos ou indesejáveis, nascemos dentro dum clã e não conseguíramos afastar-nos dele. Mas normalmente, a família com as suas turras, destemperos ou simplesmente amuos, envolve-nos e gostamos dela. E como tal, falamos das pessoas, dos mortos e dos vivos, recordamos episódios de que uns e outros foram protagonistas, das festas, dos lutos, da chegada dum novo membro, das manias de alguns, das qualidades de outros (o que é mais raro) E esse facto, leva-nos a épocas e acontecimentos; que nos conduzem à politica, a catástrofes ou factos gloriosos.

A segunda razão é mais egoísta. Quando temos filhos, netos e até bisnetos, muitas vezes somos julgados pelos nossos actos, dos quais eles julgam conhecer profundamente as causas. Outras, pelo contrário, seremos incensados pelas virtudes que eles acham que possuímos. Como são jovens ainda, não sabem que é muito perigoso julgar os outros. Não só, porque desconhecendo o intimo de cada pessoa e os motivos que a levaram a agir podemos estar errados, mas principalmente pelo que: esse julgamento revela o que nós somos. A minha avó Maria do Rosário, dizia que: “quando a gente gosta, até o corvo é branco. Quando não gostamos, até o cisne é preto.” Queria ela dizer, que julgamos as acções alheias, na medida em que elas afectam aqueles que preferimos.

Gosto de escrever. À minha maneira naíf, sem me ralar muito com concordâncias, quando se usam dois pontos ou ponto e virgula. Já me aborrecem os erros ortográficos; mas no computador é difícil escrever errado. Escrever, tal como ler, é como uma janela aberta para um mundo novo.

Por esse motivo, gosto dos blogues. Terem interesse ou não, depende de quem os escreve. e até de quem os lê. Mas obrigam-nos a pensar antes de escrever, a apurar a prosa, a consultar o dicionário, a pensar não apenas no nosso ego, já de si demasiado insuflável, mas nos outros, No meu caso, não tenho nem desejo ter pretensões a muitos leitores. Além dos meus cinco desconhecidos com que me comunico através de mails, não quero, efectivamente, mais nenhum. Gosto de escrever para mim, mas no blogue sei que por qualquer acaso, alguém poderá le-lo e isso obriga-me a ter atenção no que escrevo

Mas HOJE tenho uma razão para o texto que escrevi. Estamos a 11 de  Setembro

Faz hoje sete anos que muitas pessoas perderam a vida, duma maneira atroz e indigna da humanidade, que muitas famílias não poderão nunca contar as suas histórias ,que muitas crianças não saberão como viveram, amaram, sofreram os seus pais e avós. Tal com em Hiroxima, no Tsunami da Indonésia, no Katrina que assolou Nova Orleâes.muitas histórias ficaram por contar. Mas enquanto pudemos, contemos aquelas de que as nossas vidas são formadas.




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