O PEDIDO DE CASAMENTO



A minha amiga …

Passarei a usar um A grande quando falar daquelas Amigas do Coração, ; usarei o a pequeno para as outras, com quem conversar é um prazer, com quem tenho grande afinidade de opiniões, cuja vida com os seus momentos felizes, desgostos e o dia a dia, é muito semelhante à minha. mas que não são aquelas amigas mais que irmãs,sempre presentes quando preciso delas.
Continuemos:
 
A minha amiga chegou junto de mim radiante, com um pacote de fotografias na mão. Dias antes tinha sido o pedido de casamento da neta mais nova e ela estava ansiosa por falar-me dele: -Um Pedido de Casamento à moda antiga, quase como o nosso! Restrito, como deve ser, apenas com a família mais chegada dos noivos. A grande festa com muitas pessoas, deve ser reservada para a cerimónia.

E lá estavam os retratos, mostrando os noivos alegres e felizes, rodeados pelos pais de ambos, cujos rostos descontraídos e sorridentes, provavam que o casamento era do agrado das duas famílias. Mais retratos: com os irmãos e irmãs e respectivos consortes, com os avós, os dois sozinhos, ( a noiva a mostrando o anel,muito clássico ;os “prometidos”, como se dizia no Portugal do Norte ,com os futuros sogros e muitas crianças bonitas, os sobrinhos dos noivos.

Fiquei feliz com a felicidade da minha amiga, que sendo muito conservadora, vivia a recear que na sua família entrasse aquele desagradável costume dos noivos “juntarem os trapinhos” primeiro e anos mais tarde casarem (o que não impedia que algumas noivas fossem de sumptuosos mas nada virginais vestidos brancos e diáfanos véus)
Com a neta e o neto já casados não acontecera isso, mas fora tudo sem pompa e circunstância,“à maneira” sim, mas à maneira moderna

Voltámos aos retratos, ela esclarecendo “quem era quem”,eu questionando-me se aqueles jovens que dentro de três meses se comprometiam a cuidar um do outro na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença a respeitaram-se mutuamente, saberiam como essa promessa seria real e necessitaria de toda a tolerância, amizade e paciência, que eles fossem capazes de oferecer.

Não. A juventude, o entusiasmo,os instintos de todos os jovens que, quase levianamente assumem uma responsabilidade que nem entendem, não lhes possibilita tal pensamento. Dizem que SIM, na igreja ou no registo, sem medirem nem entenderam quanto é grave esse compromisso.

Compreenderão que a melhor maneira dum casal manter um casamento longo e feliz é cada um reservar um espaço para si e respeitar o do outro sem exitação? Nos primeiros anos, viverem os dois uma só vida, num só espaço, será a satisfação plena dos seus sonhos. Conseguirão sobreviver à desilusão do dia-a-dia cheio dos pequenos problemas e pequenos atritos, que vão surgir? As triviais irritações podem subitamente aglomerar-se numa explosão irracional de cólera e as pequenas humilhações quotidianas poderão produzir o mesmo efeito.

Conseguirão enfrentar uma coisa ainda mais vulgar, mas certa: o envelhecimento? O envelhecimento que transformará a rapariga esbelta numa criatura diferente, o rapaz desempenado num cinquentão com barriga a mais e cabelos a menos? O envelhecimento que por vezes azeda temperamentos e aumenta caturrices? O envelhecimento que pode trazer a doença que exigirá não só cuidados, mas paciência e abnegação?

Talvez seja melhor que não pensem. Porque, por uma Bênção do Criador, podem ser ser capazes de enfrentar tudo e serem felizes apesar desse tudo que terão que enfrentar. E se tivessem pensado, talvez desistissem e deixaria de haver um Casal feliz que certamente gerará uma Família Feliz-

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