A PREGUICA
Embora a Bíblia não seja o meu “livro de cabeceira” é a ela que recorro, quando aquela avozinha não sonora mas insistente, me avisa que alguma coisa não está certa no meu procedimento. Como ela não se cala até que eu aceite a verdade dos factos, resta-me procurar as razões desse erro, muitas vezes ainda tentando encontrar motivos justificáveis para pensamentos ou acções. Esgotada essa safada tentativa, pego na Bíblia, normalmente no Livro dos Provérbios mas também no Evangelho segundo S. Mateus, onde as parábolas são uma fonte de ensinamentos.
Desta vez, encontrei resposta e aviso na parábola das Dez Virgens, das quais cinco eram prudentes e cinco eram loucas. As prudentes, cuidaram de estar cuidadosamente preparadas para a chegada do Esposo. As loucas nem pensaram nisso. E o resultado está claro para quem ler a parábola No meu caso, o esposo pode ser a morte ou uma ocorrência que me deixe física ou mentalmente incapacitada.
Não é que a minha vida seja de tal relevante, que mereça cuidados especiais. Mas merece ser organizada, para se eu morrer ou ficar pior que morta, os meus descendentes tenham um mínimo de trabalho, com papéis, com os meus discos, os meus haveres pessoais que desejo ser eu a distribuir.
Embora já tenha feito uma lista do que, e a quem, quero legar as poucas coisas que tenho, neste momento ela precisa de ser alterada e, preguiçosamente, tenho andado a adiar isso.
A minha discografia está num estado de confusão indescritível. Vou comprando discos novos, e, ou porque tenho que alterar o lugar dos existentes, nas prateleiras ou porque guardo para depois registar os novos, neste momento eles amontoam-se por tudo quanto é sitio. O mesmo com os livros.
E quanto aos apontamentos das aulas, isso nem se fala. Cada assunto que abordamos vou à Net para esclarece-lo melhor; e aí perco-me completamente. Porque atrás de assunto, assuntos vêm e por vezes são de tal modo interessantes que, tendo começado por procurar alhos, encontro-me com páginas e páginas de bugalhos.
Tenho também a História da minha Família Paterna que gostaria de deixar completa até às gerações presentes. E ainda vou no tio Luís, o penúltimo dos filhos do meu avô Joaquim Francisco.
Lida a parábola das Dez Virgens, cheguei à conclusão que o meu maior pecado (e é um pecado mortal!) é a preguiça. Mas também tenho que cuidar melhor do meu tempo, não o perdendo com assuntos menos importantes
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