DIA DOS NAMORADOS




O assunto predominante da tertúlia das onze, foi o Dia doa Namorados.
A tertúlia por vezes alarga-se a todas as mesas. O cafézinho é pequeno e familiar e à força de irmos lá diariamente toda a gente se conhece e muitas vezes a conversa generaliza-se a todas as mesas, 10 ao todo. Há troca de impressões e quando o assunto tem um interesse geral ninguém se importa de dar e ouvir opiniões dos vizinhos.

Hoje, Dia dos Namorados a conversa girou em torno dos namorados e principalmente do NAMORO. E não faltaram os suspiros e a frase mágica: ”No Nosso Tempo”!
No grupo, da mesma faixa etária, (65/ 80) anos, relembraram-se os respectivos namoros e as peripécias que por vezes os transformavam em anedotas. Namorar, para todos os que ali estavam, significava o caminho do casamento, porque o casamento era o destino certo, normal e desejável para maior parte dos homens e mulheres.

Os rapazes tinham direito a viver a sua vidinha com mais ou menos aventuras, mas chegava a certa altura era preciso constituir família. As raparigas,não viviam para outra coisa. E então, namorava-se

Oficialmente, era destinado ao melhor conhecimento do par, ao convívio mais próximo dos dois, ao estreitamento de ralações entre os futuros parentes. Tudo isso era um pouco ilusório, pois a convivência nada tinha de íntimo, a proximidade do convívio resumia-se a conversarem numa sala rodeados de parentes ou pelo menos duma mãe, duma irmã ou de uma tia; quando muito, poderia trocar-se um beijo ou um contacto mais atrevido quando o“chaperon” se ausentava por momentos, ou a menina acompanhava o namorado à saída. O trato entre os futuros parentes, era bastante falseado, pois cada clã esmerava-se em aparentar aos “adversários” o seu melhor. Mas para os futuros nubentes era um período bastante feliz e emocionante, embora inconscientemente, o pensamento fosse mais dirigido à família que iriam formar, do que à personalidade de cada um. Para além dos momentos de baboseiras que todos os amorosos usam nos seus diálogos, a conversa principal era a futura casa, os móveis que iriam comprar, os filhos que teriam, o encanto duma vida a dois e independente dos pais. Resumindo: com beijos e o mais que se pudesse fazer apesar do controle dos papás, o destino do namoro era a constituição da Família. Constitui-la e conservá-la era o projecto principal dos dois.

Por vezes resultava bem, outras não. Mas quanto a resultar bem ou mal, hoje, com todas as escolhas que podem fazer, tendo inteira liberdade sexual ao seu dispor, não é diferente. Parece-me até ser pior, pois por qualquer arrufo, malas feitas e segue para outra, coisa que no “antigamente” era muito bem ponderado por homens e mulheres, principalmente se existissem filhos.

Que significa hoje namorar? Para me esclarecer, fui consultar o dicionário.
NAMORAR: MANTER RELAÇÕES AMOROSAS COM OUTRA PESSOA

E o que é uma ralação amorosa? É a experiência de viver a vida a dois, descobrir o que poderemos dar e receber dessa pessoa que entrou subitamente na nossa vida? Ou é uma relação onde o sexo tem uma preponderância maior do que descobrir como é agradável, mesmo sem sexo, a companhia do outro? E qual a finalidade do namoro?

Neste Dia dos Namorados, o que desejo sinceramente aos jovens pares é que tenham um pelo outro, principalmente Respeito. Ouvir com atenção os argumentos do outro, quer eles lhes agradem quer não porque é principalmente na diferença de opiniões e no respeito por elas, que se baseia um vida em comum estável e feliz. FELIZ!!
O namoro, a amizade, o casamento, não é um lago tranquilo varrido por uma aragem doce. É antes um mar, que pode estar calmo, ou, dum momento para o outro, ser invadido por vagas perigosas. Num namoro, num casamento, numa amizade, tem que haver um pouco de solidão, de privacidade, É preciso por vezes fingir que não se viu, aparentar não ter ouvido Tanto no namoro como no casamento ou na amizade, cada um necessita ter um espaço para si, de compreender e ser compreendido. Os enlevos dos tempos de namoro, (tanto há 50 anos, como hoje), são fogos-fátuos, ilusões que desaparecerão na uniformidade da vida quotidiana. É justamente no tempo do namoro que todas estas coisas devem ser clarificadas, verificadas, ensaiadas, para mais tarde conduzirem a uma vida a dois, calma e feliz




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