OS MEUS FIEIS DEFUNTOS 3
Este ano pensei em pedir aos meus netos para falarem dos seus fiéis defuntos.
Apesar de terem contribuído, mal ou bem, para sermos tudo aquilo que somos, não temos por eles interesse, deferência e muitas vezes nem sequer afeição.
São jovens e por isso não têm muitos para recordar. Os três mais velhos lembram-se ainda das bisavós Quim eLina,meus sogros,da bisavó Lucinda, avó do pai, da Bisa-Lisette minha mãe. Recordam igualmente a tia-avó Mikey.Os dois mais novos têm para lembrar o avô Herman Hols,os meus sogros, a minha mãe. Foram pessoas que contribuíram para o seu aparecimento neste “mundo cão”,mas onde cada um deles se diverte bastante.
Mas os nossos jovens não são habituados a recordar os seus mortos,culpa mea, que nunca incitei os meus filhos a fazê-lo, a não ser duma forma convencional
Se não deixarem alguma profunda recordação, só muito tarde pensamos nas personagens reais dos que agora estão mortos.Apesar de terem contribuído, mal ou bem, para sermos tudo aquilo que somos, não temos por eles interesse, deferência e muitas vezes nem sequer afeição.
Mas não pedi. Iria embaraçá-los, exigir deles uma coisa para a qual não os prepararmos. Há um acordo tácito e silencioso em não falar da morte às crianças e mesmo aos jovens, como se a morrer não fosse tão natural como nascer. Mas também é verdade que o mesmo silêncio existe sobre esse tema.
Mas hoje, como todos os anos, recordo os meus mortos Os mais queridos e os menos apreciados; aqueles que conheci durante toda a minha vida e aqueles de quem apenas ouvi falar.Os que deixaram recordações felizes devido ao seu carácter benévolo e digno e os outros,as ovelhas tresmalhadas do nosso rebanho que pecaram por palavras e actos.A todos, na imensa cadeia que é uma genealogia. eu vos saúdo, pelo que foram, pelo que me legaram, pelos vossos exemplos, a seguir quando bons, a evitar quando maus. Repousem em Paz
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