A PÁSCOA


A CASA DAS PRIMAS
SANTA CRUZ
O MERCADO
Passou o Natal, o Ano Novo, o Carnaval, a Páscoa e eis-me pronta para festejar os nossos Santos folgazões e brejeiros. S. Pedro, de todos o mais sisudo, deve achar-se um pouco constrangido no meio dum Santo António ,Padroeiro dos Namorados e dum S. João que não se apresenta muito decente envolto na sua pele de carneiro. Quando eu era jovem e os arraiais eram arraiais e não caça euros, bem gostava de OS festejar. Agora limito-me a ter saudades e a ver as marchas na televisão.

Mas voltando à Páscoa, como de costume reunimo-nos em Santa Cruz. para cumprirmos a sagrada missão de devorar o cabrito. Devorar é exagero, porque antes do cabrito apareceram os aperitivos: o delicioso pão caseiro, queijos frescos, as saladinhas; de modo que, chegados ao cabrito engalanado de batatinhas, é só degustar com prazer. Na verdade, o melhor da Páscoa, do Cabrito, dos Coelhinhos, (que as crianças continuam a procurar alegremente, embora este ano, nem mesmo a Joaninha já acredite nas macias criaturas) é estarmos juntos.

Mas estarmos juntos, não significa estarmos colados. Embora as casas sejam geminadas, haja uma porta de comunicação entre os dois quintais e a garagem transformada em local de refeições para todos, cada um faz o que deseja e gosta. Penso que o segredo da nossa família viver em perfeito entendimento é a maneira como convivemos.

As refeições são verdadeiramente o nosso laço comum. É nelas que nos juntamos , sem admissão de eu chego mais tarde ou tenho que sair já, porque tenho um encontro. É verdade que os jovens deste lado, não são adolescentes. Mas ainda são bastante jovens para gostarem de se encontrar com amigos e darem uma escapadela à noite. E fazem-no sempre que o desejam e nos momentos apropriados.

É na mesa que temos as mais acaloradas discussões (raramente somos menos que 13 /14 e os assuntos surgem variados e por vezes divergentes) e os mais calorosos louvores aos manjares; na mesa há por vezes um silêncio repentino para saborear um vinho excelente; é á mesa que as jovens mães laçam alertas aos filhos mais irrequietos (porque à mesa exige-se compostura) E por fim, as refeições são motivo para um verdadeiro trabalho comunitário .Antes e depois, transformamo-nos ,desde os pequenos aos grandes, em formigas laboriosas e diligentes.

Mas temos outros lugares onde nos reunimos: no Café dos Bicos, ás onze horas para a “bica” matinal;no mercado, admirando carnudos pimentos vermelhos, bem misturados com o verde das alfaces e o laranja das abóboras; junto ao mar, observando o azul brilhante das ondas; no novo passeio pedonal, onde trocam cumprimentos vizinhos e conhecidos, perguntando pela saúde dos familiares e amigos ausentes… e, nos chineses!

As datas festivas foram inventadas para reunir as famílias. As que se reúnem é claro. Nos seus intervalos, andamos todos muito atarefados, muito enérgicos, o tempo escasseia, as ocupações, reais ou inventadas, ocupam-no, sem deixar espaço para alegres cavaqueiras ou amigáveis discussões. Nas festas, conseguimos alguns momentos de confraternização, de lazer, que gozamos sem culpa, porque são festas, é feriado, e nessas ocasiões pensamos que poderemos, sem parecer antiquados, dedicar algum tempo à família







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