AS FÉRIAS

SANTA CRUZ AGOSTO DE 2006

Novamente, parte das minhas férias foram passadas junto da família, em Stª Cruz.
Santa Cruz é o local onde decorrem grande parte das nossas reuniões familiares. De facto, excepto o Natal e os aniversários, quando nos dividimos por tribos mais chegadas, é lá que festejamos a Páscoa, o Dia de Todos os Santos, os Santos Populares, ou simplesmente passamos um fim de semana para estarmos juntos.

È certo que, actualmente, isso já não é uma praxe tão habitual como antigamente. Temos filhos, netos, estamos velhos e egoístas demais para sacrificarmos tudo em favor da tradição. Também já não temos tanta paciência para nos aturarmos uns aos outros, com as nossas pequenas implicâncias, a maneira como cada um tem de ver a vida e que julga ser a melhor. Mas acredito que isso em nada afecta a nossa amizade, e quando nos juntamos, é com verdadeiro prazer que o fazemos, aceitando os outros tal qual são. Aquilo que nos impede por vezes de nos juntarmos como antigamente,é o que nos dá a certeza que a amizade continua firme e despida de hipocrisia.

Desta vez aguardava-me uma boa surpresa. Quando lá fui durante o Inverno e Primavera, Santa Cruz fazia "uma plástica"
Parte dos habitantes acreditava nos resultados, outros afirmavam- que era mais uma maneira de gastar o nosso dinheiro, que as obras não estariam prontas a tempo, que seria o caos ,com tantas ruas vedadas ao transito,

Venceram os primeiros. Não só a vila ficou um primor, com o seu passeio pedonal no centro da vila, onde os carros só entram para descarregar e os particulares, para as garagens (com os respectivos pinos metálicos, que só com chave permitem a entrada de viaturas), o trânsito controlado, os habituais visitantes, (que só não levavam o popó para dentro dos cafés porque estes por vezes têm degraus), obrigados a deixar os carros nos inúmeros e grandes parques de estacionamento que cercam a vila.

A animação nocturna,simples, popular e saudável,que faz quase toda a gente sair de casa, cumprimentar vizinhos e conhecidos,apreciar a alegria das crianças perante os palhaços e malabaristas, os grupo folclóricos que dançam no passeio pedonal, revelam um cuidado especial da autarquia.

Os“maldizentes praticantes”, manifestaram-se logo,até antes de poderem ser vistos os resultados. Perguntavam angustiados: -como é que os pobres banhistas se deslocariam à praia, com as criancinhas, as bóias, os chapéus de sol, a geleira, a avozinha e a tia solteirona? Muito facilmente: num delicioso comboiozinho que circula permanentemente entre a praia, os parques de estacionamento,as esplanadas, o centro da vila, o parque de campismo e os aglomerados habitacionais que se multiplicam â volta de Santa Cruz.

E não é tudo. A Autarquia proporciona aos utentes uma pequena biblioteca, jornais diários, revistas semanais, livros ao domicílio e um serviço de internet gerido por gente nova, amável e prestimosa. Já se lamentam os “Velhos do Restelo”-mas é só meia hora por pessoa e a câmara devia ter mais computadores! - Eles é que deviam estar contentes;é sinal que muita gente, velhos e novos, está interessada no serviço.E já agora,em vez de criticarem,eles é que deviam juntarem os lamentos e criticas,transforma-los num computador e oferece-lo à Biblioteca. A autarquia decerto ficaria muito feliz e o tempo de utilização poderia aumentar.

Ainda não parei os meus louvores ao autarca, à junta de freguesia, a todos que contribuiriam para que esta praia, quase tão amada pelos seus recentes utentes,como para aqueles que nela viram brincar os filhos e os netos,tenha sido transformada numa "Praia de Charme.
Mas a verdade é que perco a paciência quando oiço dizer mal de tudo:do meu país, que não é perfeito,mas é aquele onde mais gosto de viver; dos governantes,que não escolhi, mas a quem reconheço alguns méritos; dos que clamam contra a corrupção mas são bem capazes de não pedirem o recibo do médico para pagarem menos; que dizem mal da sua autarquia,mas que jamais oferecem as suas aptidões para servirem a comunidade.

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