O ESTADO DA FAMILIA




Neste tempo, em que casar e descasar é mais fácil do que arranjar um empréstimo bancário, lembrei-me duma sentença popular, que talvez explique o saldo de separações entre duas pessoas que, quase sempre com Pompa e Circunstância, juraram pertencer um ao outro para sempre. È muito oportuno meditarmos neste velho ditado popular, diferente em cada região, mas com o profundo significado

Pais temos os que podemos
Filhos os que merecemos
Maridos os que escolhemos

Pais, de facto, temos os que podemos.Não os pedimos, não os escolhemos, devemos a aceita-los tal como são. Se benéficos, demos graças; se aceitáveis, lembremo-nos que ninguém é perfeito; se francamente maus, tentemos nós ser melhores, seguir o nosso rumo com o pouco ou nada que eles nos deram. Mas serão sempre nossos pais, quer gostemos deles ou não.

Filhos, temos os que merecemos. E devemos admitir essa verdade, que pode ser incómoda ou lisonjeira, duma forma esclarecida. Temos os filhos que merecemos, pela forma como os educamos, pelos exemplos que lhes damos, pelo que com rectidão exigimos deles, ou, com condescendência lhes permitimos; e também pelos genes que lhes legámos, por não sabermos corrigir em nós atitudes erradas, evitar palavras incorrectas, discordâncias agressivas, por não conseguirmos ser um bom exemplo para o pequeno espectador da nossa vida familiar.
E temos uma grande responsabilidade,pois esses filhos serão futuros candidatos ao matrimónio: o rapazinho que a mãe protege e mima, será o homem que fará comparações entre os cozinhados da mãe e os da mulher, suspirará saudoso pelas atenções da mãe comparadas com as impaciência da mulher,que em nada a ajudará,porque a mãe sempre afirmou que os trabalhos caseiros ,são coisas de mulher.A rapariga em quem os pais vêm um prodígio de inteligência e beleza, a quem adulam e satisfazem todos os caprichos, será a esposa que julga não ser tratada com suficiente consideração, cuja carreira estará sempre acima de todos e de tudo, acreditando que com tamanha inteligência e personalidade, será um desperdício usá-la cuidando da casa e dos seus ocupantes.Além disso como qualquer deles è independente...se não estás bem, muda-te.É fazer as malas e partir para outra.

Tudo quanto foi aceite e suportável nos primeiros tempos, quando imperava o entusiasmo e os sentidos, desaparece com a chegada das crianças,com noites mal dormidas, corridas matinais para leva-las ao infantário,pouca paciência para ouvir censuras,pouco tempo para ser uma "Mulher Barbie" ao sair da cama, ou um homem atlético e revigorado ao regressar do emprego.A rotina diária dum casal pode ser por vezes muito cruel, porque mostra aspectos que em solteiros se ocultaram cuidadosamente.
E então.num enorme zoom.começam a aparecer os defeitos, os julgamento sem tolerância, a troca de palavras pouco corteses, a intolerância perante as atitudes que nos desgostam

Se maridos e esposas, temos os que escolhemos.como escolhemos a pessoa com quem iremos partilhar intima e profundamente a nossa vida, alguém que será o pai dos nossos filhos?
Que sabemos deles, além do aspecto físico que nos agrada, do trato pessoal que nos é encanta, das suas opiniões que nos parecem semelhantes às nossas? Que sabemos da família que o educou segundo os seus hábitos e costumes ?Do seu ambiente familiar, que pode ser harmonioso e edificante, ou um contencioso constante, gerador de conflitos e depreciações verbais?

Tenho ouvido alguns jovens afirmar, quando são alertados para um casamento inconveniente, que vão casar com o ente querido e não com a família dele. Puro engano.
Por muito que lhes pareça serem unicamente dois num mundo encantado, serão sempre o produto das qualidades e defeitos que herdaram, da maneira como foram educados, dos exemplos que tiveram.

Arrulhar, namorar, sair com, relações amorosas passageiras, fazer sexo, é uma coisa. Casar é algo muito diferente.Casar, é principalmente, ou deveria ser, constituir uma família. Acto que deveria ser pensado com toda a ponderação e honestidade.
Estaremos prontos a assumir tal compromisso?.Que exigimos daquele ou daquela que escolhemos para partilhar connosco, a Saúde e a Doença, a Alegria e a Tristeza, a Riqueza e a Pobreza? Mais importante ainda: que estamos nós dispostos a dar-lhe?

Vamos firmar um contracto honesto, ou usamos um pretexto para ostentarmos um belo vestido, convidarmos parentes e amigos para uma farsa divertida terminada com uma Lua de Mel na Costa Rica, ou em Bora- Bora, conforme as posses?

As causas deste casa e descasa, serão a inexperiência e leviandade na escolha do parceiro? A imaturidade e o egoísmo de não pensarem, que ter um filho com alguém implica uma imensa responsabilidade para ambos, pois essa criança, que nasceu como um brinquedo, espera ter uma família; um pai e uma mãe e não dois ou três de cada, um lar e não as viagens que fazem quinzenalmente entre duas casas, um tempo de férias muito feliz e não essas eternas discussões sobre quando convém mais a um ou a outro, terem-no com ele?

Em tempos em que a Sociedade, nada lhes exige, em que podem sair e entrar na casa paterna sem que lhes perguntem onde e com quem andaram, quando não necessitam de dar satisfações a ninguém,NÃO CASEM. Troquem de parceiros como lhes aprouver.Escolhem-no porque neste momento preferem uma morena, ou porque estão fartas dum companheiro enfadonho, quando ali à mão está um espirituoso. E acima de tudo, NÃO TENHAM FILHOS se não se sentirem capazes de lhes dar um Lar e o exemplo duma Família Unida.
Unida na Saúde e na Doença, na Alegria e na Tristeza, na Riqueza e na Pobreza. E para isso,é preciso gostarmos mais dos outros do que de nós.

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