EU E O JUIZ
Dentro de cada português existe um juiz. Estamos sempre prontos não só a opinar sobre as outras pessoas, como a julgá-las
Como se fôssemos diferentes, muito acima deles, mais do que juízes, quase deuses. E eu não fujo à regra. Tal como os outros, não só comento, como julgo e penso que eu faria muito melhor.
Vem tudo isto a propósito dum acontecimento triste, que se deu com os amigos nossos.
A única e muito amada neta da minha amiga,,vai divorciar-se. A notícia foi triste e inesperada: Mónica, casada há 11 anos, mãe dum rapaz de 10, vai divorciar-se.
Foi triste, porque no meio de tudo, está uma criança, que até agora teve um pai divertido que o colocava nos ombros para lhe mostrar o mundo, que rebolava com ele pelo chão, que lhe atirava a bola esperando que ele a devolvesse, que presentemente é seu companheiro fiel dos jogos de futebol e o ajuda a construir modelos de barcos.
E agora, vai não só perde-lo, como ser partilhado, disputado, dividido. Isto, se tudo correr pelo melhor. Em caso contrário, à medida que for crescendo, ouvirá de cada um dos progenitores, criticas ao outro, o que, aliado à incompreensão dos acontecimentos, que para ele não fazem sentido, provocarão a angústia de escutar críticas a duas pessoas que ele ama por igual.
A decisão da Mónica foi uma surpresa para todos. Após termos vaticinado que aquele casamento seria um completo desastre, porque enquanto ela era uma rapariga culta, habituada a ter caprichos e a vê-los satisfeitos, nascida e criada numa família conservadora, ele era um burro que, por lhe terem posto uma sela, julgava-se cavalo. O casamento tinha caminhado bem, aparte os pequenos arrufos normais em todos os casais e os dissabores com a família dele, uma espécie de máfia, que ambos tinham sabido esquivar-se.
E agora sem que nada o fizesse supor, ela propunha e insistia no divórcio, alegando, que deixara de gostar dele e que ele era um poço de defeitos. Provavelmente, ele achará que os defeitos dela ainda são maiores e que, se não deixou ainda de gostar dela, não terá dificuldade em fazê-lo, porque aceitou muito bem a situação.
Entre a nossa tertúlia, à qual os avós pertencem, choveram os comentários, meus incluídos. Ao ouvir as diversas opiniões, foi então que pensei comigo própria, como é fácil julgarmos os outros, pensarmos que somos divinamente esclarecidos, que viajamos pelo íntimo das pessoas, conhecendo por artes mágicas as suas razões e os seus motivos.
Gosto muito de Confúcio e vou colocar no meu “Azimov”bem visível no monitor, uma das suas máximas. SE NÃO VÊS COM CLAREZA O TEU PRÓPRIO INTIMO, COMO PRETENDES VER COM CLAREZA O INTIMO DOS OUTROS?
Como se fôssemos diferentes, muito acima deles, mais do que juízes, quase deuses. E eu não fujo à regra. Tal como os outros, não só comento, como julgo e penso que eu faria muito melhor.
Vem tudo isto a propósito dum acontecimento triste, que se deu com os amigos nossos.
A única e muito amada neta da minha amiga,,vai divorciar-se. A notícia foi triste e inesperada: Mónica, casada há 11 anos, mãe dum rapaz de 10, vai divorciar-se.
Foi triste, porque no meio de tudo, está uma criança, que até agora teve um pai divertido que o colocava nos ombros para lhe mostrar o mundo, que rebolava com ele pelo chão, que lhe atirava a bola esperando que ele a devolvesse, que presentemente é seu companheiro fiel dos jogos de futebol e o ajuda a construir modelos de barcos.
E agora, vai não só perde-lo, como ser partilhado, disputado, dividido. Isto, se tudo correr pelo melhor. Em caso contrário, à medida que for crescendo, ouvirá de cada um dos progenitores, criticas ao outro, o que, aliado à incompreensão dos acontecimentos, que para ele não fazem sentido, provocarão a angústia de escutar críticas a duas pessoas que ele ama por igual.
A decisão da Mónica foi uma surpresa para todos. Após termos vaticinado que aquele casamento seria um completo desastre, porque enquanto ela era uma rapariga culta, habituada a ter caprichos e a vê-los satisfeitos, nascida e criada numa família conservadora, ele era um burro que, por lhe terem posto uma sela, julgava-se cavalo. O casamento tinha caminhado bem, aparte os pequenos arrufos normais em todos os casais e os dissabores com a família dele, uma espécie de máfia, que ambos tinham sabido esquivar-se.
E agora sem que nada o fizesse supor, ela propunha e insistia no divórcio, alegando, que deixara de gostar dele e que ele era um poço de defeitos. Provavelmente, ele achará que os defeitos dela ainda são maiores e que, se não deixou ainda de gostar dela, não terá dificuldade em fazê-lo, porque aceitou muito bem a situação.
Entre a nossa tertúlia, à qual os avós pertencem, choveram os comentários, meus incluídos. Ao ouvir as diversas opiniões, foi então que pensei comigo própria, como é fácil julgarmos os outros, pensarmos que somos divinamente esclarecidos, que viajamos pelo íntimo das pessoas, conhecendo por artes mágicas as suas razões e os seus motivos.
Gosto muito de Confúcio e vou colocar no meu “Azimov”bem visível no monitor, uma das suas máximas. SE NÃO VÊS COM CLAREZA O TEU PRÓPRIO INTIMO, COMO PRETENDES VER COM CLAREZA O INTIMO DOS OUTROS?
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