Aproximando-se o dia de honrar os nossos mortos,(como se houvesse uma dia próprio para recordar aqueles que amámos e já partiram!) começo a fazer o inventário dos meus amados desaparecidos Na minha idade, já vimos partir vários membros da nossa família, alguns amigos e muitos conhecidos.
Começando pela Família, recordo aqueles que amei;os outros, aqueles que fazendo parte do meu clã, a sua morte em nada me afectou,que descansem em paz.
O único que tem um lugar especial na minha escala de afectos é o meu avô paterno. Morreu era eu muito pequena, e nem sequer sinto por ele aquela aberração que é gostar dum familiar, pelo grau de parentesco que tem connosco e não pelo que é, como pessoa, Sem tempo para saber se o amaria, (eu tinha 3 anos quando ele morreu) há uma espécie de amor na forma como o recordo. Sentada nos seus joelhos, era uma alegria, brincar com o grande relógio de ouro, preso por uma corrente, ao bolsinho do colete. Sem sentir a perda, recordo-o sempre com ternura no dia dos Fieis Defuntos.
Ultrapassando o nível onde ele permanece na minha memória, chegam aqueles que estão sempre dentro do meu coração.

A Chicha, que me criou, que passou noites ao meu lado quando eu estava doente, que pressentia quando eu tinha medo do escuro, do vento, das trovoadas e vinha silenciosamente, para que a minha mãe não ouvisse, deitar-se ao meu lado

A minha Tia Palmira, que foi mais do que minha mãe, que me aconselhou e socorreu, quando eu, uma pateta adolescente a brincar ás esposas, encontrei-me sozinha num meio completamente diferente daquele em que fora educada, casada com um homem completamente diferente ,daquele para quem eu poderia ter sido uma boa esposa.Não me disse que tinha sido uma estouvada inconsciente, mas deu-me a mão…a mão, o coração, o seu bom senso;alertou-me para a teia onde pretendiam que eu caísse, defendeu-me, estimou-me como a uma filha, não pelo que eu ERA, mas APEZAR do que eu era.
Não é preciso chegar o dia dos Fiéis Defuntos, para eu recordar a Tia Palmira! Enquanto eu puder recordar a pessoa do BEM que ela foi, estará comigo todos os meus dias.
Continuarei a falar dos Meus Fiéis Defuntos, até ao dia em que os recordamos com Flores, com Preces, e com rituais,conforme os Credos ou o desejo de cada um.

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