SE EU TIVESSE 30 ANOS ...




Se eu tivesse trinta anos e soubesse o que sei hoje, que modificações teria feito na minha VIDA?
Não teria casado tão nova. Não o fazendo, teria vivido experiências que não vivi, adquirido noções mais válidas do que era constituir família, escolhido com mais cuidado o homem a quem ia ligar a minha vida, que seria pai dos meus filhos.
Quereria saber que espécie de família era a sua,porque dela teria recebido genes, hábitos, conceitos que iria transmitir aos nossos filhos; saber como era, para além do aspecto físico, da aparente cultura, da inocente hipocrisia que os pretendentes ao casamento, ostentam para impressionar.
Casando mais velha, tão consciente quanto possível do passo que ia dar, pouco tempo depois teria filhos.Porque se é muito mau gerar uma criança e ver nela a nossa ultima boneca, muito pior é habituar-nos ao egoísmo dum viver a dois, que só raramente será perfeito.
Mesmo que tenhamos uma profissão que nos agrade, um companheiro a quem amemos, correremos o perigo do tédio, esse sentimento vago que nos torna insatisfeitas e por vezes até pouco agradecidas pelo muito que temos, apoderar-se dos nossos sentimentos e distorce-los.
Se eu tivesse 30 anos e soubesse o que sei hoje, teria tomado como lições tudo o que aconteceu doloroso na minha vida e não teria ficado tão magoada com acontecimentos e pessoas. Não teria chorado o que perdi.Pelo contrário, teria compreendido que talvez não fosse coisa que merecesse a pena ser guardada.
Ter-me ia lamentado muito menos e rido muito mais.É tão bom rir!
Teria apreciado melhor o cheiro bom da terra molhada, o som da chuva dialogando com uma musica suave, o sabor dum bom vinho no conforto duma lareira, o calor duma noite de Natal passada em familia.
Só há muito pouco tempo, criei o hábito de, pelo fim da tarde deslocar-me à minha pequena praia, para ver o por do sol. Como tenho 73 anos, privei-me pelo menos durante 40, de contemplar, consciente, a beleza desse momento.
Quando temos trinta anos, o raciocínio ainda está muito envolvido com o nosso EU,impedindo-nos de compreender o que mais tarde nos parece claro.Infelizmente nessa altura,já cometemos muitos desacertos irremediáveis e perdemos oportunidades maravilhosas.
Podemos tentar alertar os mais novos para essas falhas.Mas não vale a pena.É próprio da juventude aprender à custa dos próprios erros.





Comentários

  1. Cheia de sabedoria. A mesma sabedoria que constitui a maldição de todos os seres humanos, designadamente, que andamos num sentido só - em frente,com o tempo, por emquanto somos 'dotados'(quer dizer condenados) de poder olhar e ver claramente tudo que fica por atrás de nós, no passado. Cá estamos, todos brilhantes e espertos em todo no presente, quando olhamos para atrás!!

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  2. estoy viviendo mi treintena y me esfuerzo cada día en abrir bien grandes los ojos para reír, reír y reír... después de todo, las penas siempre aparecen, no voy yo misma a darles más espacio del que merecen en la vida :)

    Tus palabras me caen como rocío al alma, Martina, gracias!

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  3. Obrigada por mais estas palavras sábias, Martina
    Um grande beijo.

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